O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) inclua a acusação de perseguição armada no pedido de extradição da deputada Carla Zambelli (PL-SP), atualmente presa na Itália.
O episódio ocorreu em outubro de 2022, na véspera do segundo turno da eleição presidencial, em São Paulo. Na ocasião, Zambelli foi flagrada correndo atrás de um jornalista com uma arma em punho, após uma discussão nas ruas da capital paulista. A cena teve ampla repercussão e gerou críticas em todo o país.
A extradição da parlamentar já havia sido solicitada com base em outra condenação. Em maio deste ano, Zambelli foi sentenciada a 10 anos de prisão por envolvimento no ataque hacker ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O STF concluiu que ela atuou em conjunto com Walter Delgatti Neto, responsável pela invasão dos sistemas do Judiciário e pela emissão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Desde então, Zambelli deixou o país e passou a constar na lista de difusão vermelha da Interpol, destinada a foragidos internacionais. Para evitar a perda automática de mandato, solicitou à Câmara dos Deputados uma licença de 127 dias, aprovada em junho. Caso não retorne ao Brasil no fim do prazo, poderá enfrentar um processo de cassação.
Zambelli foi presa em 29 de julho na Itália, onde estava há cerca de dois meses. Após audiência de custódia realizada na sexta-feira (1º), a Justiça italiana manteve sua detenção, e ela segue recolhida na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma.
Durante a audiência, a deputada se declarou inocente e afirmou ser vítima de perseguição política. A defesa reforçou esse argumento em nota pública, alegando que a inclusão do novo processo na extradição seria uma tentativa de pressionar o governo italiano.
“Trata-se de uma manobra política para deslegitimar a atuação de uma voz de oposição. Como cidadã italiana em território italiano, não há base jurídica para a extradição. Confiamos na imparcialidade da Justiça italiana”, declarou a equipe de defesa.
A análise do processo estava suspensa desde março, após um pedido de vista feito pelo ministro Nunes Marques, que devolveu o caso ao plenário na última sexta-feira (1º). Com a decisão de Gilmar Mendes, a AGU deverá atualizar o pedido de extradição junto às autoridades italianas, incluindo o crime de porte ilegal de arma e perseguição com violência.