O Brasil voltou a figurar entre os países com maior número de crianças não vacinadas, segundo relatório da OMS e do Unicef divulgado nesta terça-feira (15). O número de crianças brasileiras que não receberam nenhuma dose da vacina tríplice bacteriana (DTP) — contra difteria, tétano e coqueluche — saltou de 103 mil em 2023 para 229 mil em 2024.
A coordenadora de Saúde da Criança no Conselho Federal de Enfermagem, Ivone Amazonas, alerta para os riscos. “São doenças graves que ainda circulam. A falsa sensação de segurança gerada pela eficácia das vacinas não elimina o perigo”, afirma.
Em 2024, o país já registrou mais de 7.400 casos de coqueluche. O tétano ainda apresenta alta letalidade, com até 219 casos por ano e mortalidade superior a 26%. A última morte por difteria foi registrada em 2017.
Globalmente, 14,3 milhões de crianças não tomaram nenhuma dose da DTP. Quase metade está concentrada em dez países — entre eles, agora, o Brasil. Além da baixa cobertura vacinal, o relatório aponta problemas como desinformação, crises humanitárias e conflitos.
Outras vacinas também preocupam: 76% das crianças receberam a segunda dose contra o sarampo, 50% foram imunizadas contra a febre amarela em áreas de risco, e a vacina contra o HPV chegou a 31% das meninas — a meta é 90% até 2030.