A vacina brasileira desenvolvida contra os efeitos da cocaína e crack é a vencedora do Prêmio Euro Inovação da Saúde. Ela foi criada nos laboratórios da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A equipe responsável recebeu cerca de R$ 2,6 milhões da multinacional farmacêutica Eurofarma, empresa organizadora da premiação.
Ao todo cientistas de 17 países, além de um concorrente da própria UFMG, que desenvolve uma nova vacina contra a covid, disputaram o prêmio.
Segundo os pesquisadores, o medicamento induz o sistema imunológico a produzir anticorpos que se ligam a essas drogas na corrente sanguínea e as transformam em uma molécula grande, incapaz de atravessar a chamada barreira hematoencefálica. Isso significa que a estrutura cuja função é regular o transporte de substâncias entre o sangue e o cérebro, barra a entrada de substâncias tóxicas e de hormônios plasmáticos em excesso.
O projeto já passou por testes pré-clínicas, que constataram segurança e eficácia no tratamento dos efeitos dessas drogas. Em testes com cobaias, a sustância se mostrou capaz de prevenir as consequências obstétricas e fetais da exposição às substâncias durante a gravidez.
Porém, segundo o coordenador da pesquisa, o professor Frederico Garcia, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, a vacina não seria indicada para todas as pessoas com transtorno por uso de cocaína. É necessário fazer uma avaliação para identificar com precisão para quem ela seria eficaz de fato.
No fim de agosto, o projeto da vacina foi apresentado ao ministro Camilo Santana, da Educação. Em julho, quando a ministra da Saúde Nísia Trindade visitou a universidade, o secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, anunciou aporte de R$ 10 milhões no projeto. Há também medidas sendo tomadas para a proteção nacional e internacional da tecnologia com vista ao seu licenciamento.