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Até você, Casé! O dia em que me gritaram do alto de uma passarela na Bonocô

Data:
Casemiro Neto

Volta e meia, eu ouço a pergunta: até você, Casé? Isso acontece em situações inusitadas ou comuns (pelo menos para mim) nas ruas da cidade. E a depender da situação, eu fico sem resposta. Até eu?

Até você, Casé! O dia em que me gritaram do alto de uma passarela na Bonocô
Arquivo pessoal

Seja bem-vindo, ou bem vinda, à editoria “Até Você, Casé?!”. Aqui, vou postar textos de situações vividas e jamais contadas por mim, Casemiro Neto. E veja como surgiu o título desta seção!  

Boa leitura!

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Celebridade!!! A pontuação excessivamente afirmativa é para destacar como esse termo grita no meu ouvido. São muitas as pessoas que usam a denominação como forma de elogio ou ainda por repetição do que a mídia veicula para incentivar os famosos da vida das…celebridades. 

No Wikipédia é “alguém cuja imagem é celebrada e tem conotação positiva”. Tudo bem! Eu adoro ser admirado pelo meu trabalho e, claro, de maneira positiva. Sou famoso e, para alguns, célebre também. Ainda fuçando o “aurélio internético”, vejo que ser famoso é diferente de ser uma celebridade. Famoso é aquela pessoa que tem uma imagem bem conhecida (EU), já celebridade tem que ser também um ser admirado/comemorado/celebrado (EU???). Enfim, pertencer a esse mundo, como tudo na vida, tem vantagens e desvantagens. 

Primeiro, abordemos o que é bom: ser bem atendido em lojas, bares e restaurantes ajuda muito. Aí, eu abro um parênteses: não furo fila, odeio carteirada, não peço desconto. Adoro elogios sobre o meu trabalho, ouvir que sou mais jovem e bonito pessoalmente (o contrário também acontece!) e saber que algum comentário meu ou reportagem ajudou a resolver algo ou o problema de alguém. Me divirto e fico ainda mais vaidoso quando gritam meu nome na rua e me pedem fotos e autógrafos, na hora certa. Nem pense que estou dando uma de estrela. São fatos que acontecem e servem para contextualizar esse artigo. Já em algumas situações, ser uma pessoa mais conhecida é bem chato. Imagine você ficar sendo observado enquanto está mastigando um naco de comida em um restaurante. De repente, um pedaço de carne fica preso no dente e rapidamente o dedo resolve. Depois de enrolar publicamente as mãos nos tapetes das etiquetas, o retorno não vem em forma do poema de Pessoa. Acabo mesmo sendo filmado por olhares desaprovadores. 

Mas nada pior do que aturar gente grande, ou que se acha assim, e ouvir o pedido de uma entrevista ou reportagem com a ameaça de que vai reforçar o pedido ligando para algum “mangangão” ou até o dono da emissora. Desde os tempos do finado ACM me vacinei contra isso e tenho a  resposta pronta: “Pode ligar. Você tem o telefone? Peça para ligar para mim”. Nunca ligaram. Agora vamos à situação que dá o título deste texto. Em 2009, a convite dos empresários de comunicação Fábio Lima e Ricardo Luzbel, eu fiz uma parceria para comandar o programa “Casemiro No Ar", na rádio Tudo FM, que nós inauguramos. O programa começava logo depois da Ave Maria, a partir das 18h. 

Eu conversava com políticos, artistas, autoridades, especialistas que tiravam dúvidas sobre defesa do consumidor e sexo. Era bem legal e eu me divertia muito nessa primeira e única (até agora) experiência no rádio. Só tinha um problema. Algumas vezes, o horário ficava bem apertado entre o fim do meu programa na Tv Aratu, o QVP, algum compromisso à tarde, e depois rumar para Pernambués, onde ficava a rádio, anos depois fechada por causa de uma nova administração desastrosa. 

Do centro de Salvador, onde moro, até Pernambués tem uma distância considerável. Cheguei a fazer partes do programa pelo telefone, preso em engarrafamentos ou também atrasado. Nunca gostei. Sentia falta de conversar com os ouvintes que sempre ligavam para falar comigo. Um dia, estava bem atrasado e pisei forte no acelerador, mas no respeito aos radares da Avenida Mario Leal Ferreira, a Bonocô. Quase no fim da avenida, embaixo de uma passarela, o baque! Um carro parou de vez na minha frente e eu bati na traseira. 

Como em todo acidente de trânsito, juntou logo gente curiosa pela miséria alheia. Eis que lá do alto da passarela, um homem grita: ”Até você, Casééé?!"  A gargalhada foi geral! 

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